Dando continuidade a serie iniciada pelo post sobre a letra R da Fiat, agora vou falar sobre os esportivos de uma das marcas mais tradicionais do Brasil.

O ano é 1968. O novo projeto do governo estimula a vinda de ferramental realmente novo das matrizes das fabricas instaladas no Brasil. Antes disso, nossos carros mais modernos tinham até 10 anos em seus países de origem e alguns até haviam sido descontinuados, salvo alguns importados. Na nova safra chegaram o Ford Corcel e Galaxie, Dodge Dart e Charger (diferentes dos americanos) e o Chevrolet Opala.

Em uma época que a gasolina era barata e os postos não fechavam depois das 22:00 durante a semana e nos fins de semana, carros racionais e econômicos não tinham vez em um mercado avido para provar carros vindos do hemisfério norte. Baseado no Opel Rekord alemão e com mecânica americana do Chevrolet Impala, o Opala chega com o melhor de dois mundos: o design europeu e a robustez mecânica ianque.

Opala e Caravan SS 6 cilindros

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Opala SS 1972

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Caravan SS 250S 1978

1971. O Opala ainda em sua versão 4 portas começa a perder terreno para novos lançamentos. Seu desempenho bom para a época é superado pelos poderosos V8. O ar de novidade já se foi e é preciso fazer alguma coisa para que o carro continua atraente.

Nasce assim o Opala SS. Se nos EUA o significa da sigla é claro, aqui no Brasil é um pouco mais obscuro. A Chevrolet nunca se preocupou em dar um significada oficial e assim, enquanto alguns (inclusive eu) traduzem com “Super Sport” como nos EUA, outros traduzem como “Separed Seats” em alusão aos exclusivos bancos dianteiros separados do modelo. Vinha ainda com outros detalhes esportivos como volante, rodas e faixas nas laterais, mas o que realmente importava era a nova parte mecânica: com câmbio de 4 marchas no assoalho e motor 6 cilindros de 250 pol3 e 140 cv à 4000 rpm brutos. Com conta-giros até 6000 rpm e peso de 1172 kg (4 portas) acelerava de 0 a 100 km/h em 11,6 s e alcançava 170,8 km/h de final.

Mas isso não era suficiente para fazer páreo aos V8 nas pistas, em especial o Quadrijet do Ford Maverick. Pode até não parecer, mas teve uma época onde o automobilismo nacional era baseado em carros... nacionais. Baseados diretamente nos carros de produção, com alivio de peso e motores preparados. Algumas categorias exigiam que os fabricantes fizessem um determinado número de carros iguais aos usados nas pistas para vender ao publico para que fossem homologados, assim alguns poderiam ter um carro praticamente de competição para andar nas ruas. Muito diferente do que acontece hoje em dia.

Para brigar com os novos concorrentes, em 1974 o Opala recebe o motor 250S, que conta com carburador duplo e comando de válvulas retrabalhado, gerando 170 cv brutos (153 cv liquidos), acelerando de 0 a 100 em 10 s e chegando aproximadamente a 200 km/h. Em 1978 a Caravan também recebe esse motor, mas em 1980 ambos, Opala e Caravan SS saem de linha, deixando os dias um pouco mais chatos.

Opala e Caravan SS 4 cilindros

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Opala SS4 1976

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Caravan SS4 1979

A crise do petróleo é um tapa na cara dos modelos potentes e velozes, que são mais beberrões que o bêbado da esquina em dia de festa junina. Para não perder vendas, o Opala recebe o motor 151S 4 cilindros com novo coletor de admissão e carburação dupla com 98 cv brutos, aproximadamente 85 cv líquidos, 0 a 100 em 12 s e máxima de 170 km/h. Era a chance daqueles que queriam um SS 6 cilindros mas não tinham dinheiro nem pro carro nem pra gasolina. Em 1980, Opala e Caravan SS4 foram descontinuados. Ao contrario do motor 6 cilindros, que era de serie nos SS e opcional no restante da linha, o motor 151S passou a ser usado em todos os modelos 4 cilindros, o que acaba reforçando a ideia de que o SS4 foi apenas uma estratégia de marketing.

Depois disso a Chevrolet não teve mais nenhum carro esportivo (com exceção talvez do Kadett GSi,Tigra, Corsa GSi, Calibra e Vectra GSi) e a sigla SS ficou perdida no limbo automotivo até que:

Astra, Corsa e Meriva SS

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Novo Chevrolet Meriva SS 1.8 Flexpower 2006

Apresentados como conceitos no Salão do Automóvel de São Paulo de 2004 a nova serie Super Sport não era tão super e nem muito esportiva. Afinal acho difícil atribuir esportividade a uma minivan como a Meriva. Criados pelo Centro de Design da GM do Brasil, eles até tinham um visual interessante e mais bem acertado que outras versões esportivas e aventureiras de fabrica que infestam as nossas ruas. Mas as maçanetas e os defletores prateados são sinais do xunning de fabrica. Sem nenhuma mudança mecânica significativa, os atrativos desses carros eram apenas visuais e com o passar do tempo alguns itens exclusivos desses modelos começaram a ser usados em outros modelos Chevrolet (inclusive a maldita faixa prateada com a inscrição SUPER SPORT que infesta a traseira de vários carros de varias marcas nas ruas).

Agora que a letra SS abandonou as linhas de montagem da Chevrolet os modelos que resistiram encontram um dia-a-dia dificil pela frente: pros mais novos, usos por taxistas e manolos que se acham pilotos de fuga, já pros velhos Opalas resta ainda alguma gloria: alem do uso por manolos que se acham pilotos de fuga, os Opalas são muito utilizados em arrancadas por todo o país. Com os avanços mecânicos atuais é possível extrair potencias elevados com durabilidade até mesmo nos motores 151 que eram desprezados pela maioria dos preparadores da época.

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