Gostaria de ter feito essa postagem antes, mas como fiquei mais de 1 mês no hospital devido a uma apendicite e infecção no fígado, não foi possível termina-lá. Mas agora estou de volta, pronto pra dar um murro na cara de quem teima em dizer o que seria o “politicamente correto” sem antes ver os dois lados da moeda.

Primeiramente, quero dizer que a mídia e algumas  vezes o governo estão sempre atrás de um “bode expiatório” para problemas complexos, como se jogando a culpa em algo especifico tornasse o problema mais simples e fácil de resolver. Quem não se lembra dos atentados nas escolas americanas, onde jovens perseguidos pelos colegas de classe e, segundo a mídia, influenciados por jogos como GTA, perderam a cabeça e resolveram se vingar de todos da pior forma possível? A partir daí, os jogos violentos passaram a ser taxados como culpados pelo aumento da violência entre jovens, não levando em consideração que esse é um problema muito mais abrangente, que envolve desde o ambiente familiar até a educação nas escolas e oportunidades de emprego. Aqui no Brasil, um certo senador Valdir Raupp criou um projeto de lei que impediria a venda de jogos que seriam considerados violentos e contra os bons costumes da sociedade onde vivemos. Pura besteira. Forçando um pouco a interpretação da lei até mesmo simuladores de corrida, como Gran Turismo, poderiam ser proibidos.

O mais novo bode expiatório do momento é o carro potente e preparado.

Após a morte de um trabalhador que teve seu carro atingido por um Camaro, deu-se inicio a varias especulações a respeito da venda e preparação de carros no Brasil.

Mas parece que ninguém consegue entender o obvio: o problema não são os carros e sim as atitudes tomadas por alguns motoristas. Até onde eu sei, as pessoas também podem morrer se forem atropeladas por um Gol ou um Corsa. Também existem imbecis que compram carros 1.0 e vivem correndo pelas ruas, com modificações nem sempre feitas da maneira correta.

O mercado de carros mais potentes e preparados tem crescido muito nos últimos tempos, as publicações especializadas também aumentaram e melhoraram. O mercado de preparação movimenta milhões todos os anos mesmo com as limitações impostas pelas leis brasileiras. As leis atuais sobre preparação automotiva, feitas em uma época que realmente não existiam oficinas especializadas e as adaptações eram feitas de maneira grosseira. Mas os tempos mudaram, temos oficinas de nível técnico internacional como ferramentas e equipamentos próprios para esses serviços, que garantem uma preparação de qualidade sem perdem o foco na segurança e na dirigibilidade.

Não estou dizendo que sou a favor de rachas, já que como a reportagem disse, o lugar certo para correr é na pista. Mas aí mora outro problema: João Pessoa não tem nenhuma pista para esses fins e o projeto para construção de uma pista particular para isso receberia resistência da CBA, que estaria de olho nos lucros para poder tirar uma lasquinha.

Leis existem para serem respeitadas, mas como já disse, as leis referentes a preparação são ultrapassadas. Não estou questionando o fato deles estarem errados por fazerem rachas em vias publicas, mas fiquei meio indignado com o tratamento que os carros receberam ao serem apreendidos: segundo a polícia os carros foram preparados em oficinas clandestinas, o que é uma grossa mentira. Uma pessoa que tem um Civic Si não entregaria ele para alguém que não soubesse exatamente o que está fazendo e o Si preto foi preparado pela Rev It Up, uma das maiores oficinas do país e especializada em Hondas.

Sempre que um carro preparado é apreendido, fala-se dessa suposta lei que limita o aumento de potencia em 10% da potencia original. Então como existem motores Fivetech com 300 cv legalizados por aí? Essa lei é outra mentira das grossas. As prisões na Paraíba foram feitas com os carros parados com a alegação  de que o fato dos carros poderem alcançar altas velocidades apresenta um risco para outros motoristas. Então a polícia devia baixar nos encontros de clubes do Marea e de outros carros pra ver se acha algum carro que não esteja legalizado, mesmo sem respeitar a suposta lei dos 10%? Se fossem apreender um carro preparado só por que ele pode chegar a velocidades muito superiores a permitida não haveria mais nenhum Marea Turbo nas ruas.

Em alguns estados como São Paulo e Rio Grande do Sul, o governo abriu as portas dos seus autódromos para que donos de carros preparados, pagando um preço claro, possam desfrutar de seus carros com segurança. Essas iniciativas deveriam ser repetidas em outros estados, já que onde os motoristas podem fazer usos dos autódromos registrou-se uma queda no numero de rachas.

Para mim, ambos os lados, motoristas e governo, estão certos em alguns pontos e errados em outros. O problema do transito brasileiro começa antes mesmo da compra do carro, preparado ou não, começa no fato de que a maioria das auto-escolas apenas ensina como dirigir um carro, não ensina como andar corretamente no dia-a-dia. Um aluno recém saído da auto-escola nunca estará preparado para pegar uma marginal Tietê ou Pinheiros na hora do rush. E continua devido a irresponsabilidade em geral de motoristas. O problema em si não é andar rápido, o problema é que a maioria dos motoristas não estão preparados para andar rápido. Uma fatalidade pode acontecer com um Si a 100 km/h ou com um Uno a 140 km/h. O motorista deve saber e conhecer os limites do carro como também os limites impostos pelas condições da via, pelas leis de transito e seus próprios limites para dirigir de maneira segura.

Essa é a minha opinião. Talvez eu esteja redondamente enganado. Ou absolutamente certo. Isso vai do ponto de vista de cada um. Erros e acertos das duas partes envolvidas acarretam a situação na qual nos encontramos hoje.