Dando continuidade a minha epopeia de me tornar escritor de fim de semana ai vai mais uma história curta que terminei esses dias. Ela fico meio deprê, mas tá valendo.

“Desculpe, sua busca não gerou nenhum resultado. Você pode melhorar sua busca alterando seus parâmetros e ...”

O que ele estava fazendo? Parado na penumbra a única luz no quarto vinha do monitor onde aquelas palavras o fitavam como testemunhas do seu fracasso.

“...sua busca não gerou resultados...”

O que ele está procurando? Por que ele não pode simplesmente aceitar as antigas respostas e continuar como se isso não fosse nada?

Ninguém disse o quão triste é fazer uma pesquisa por seu próprio nome. Mas ele precisava saber. Precisava de algo que dissesse o que ele é. Algo que provasse que ele está vivo por ele mesmo. Ele sempre seguiu as regras impostas por todos aqueles que queriam seu melhor, que como falcões dilaceravam sua carne e alma deixando os restos podres pelo chão e levando embora seu melhor.

Não mais. Até agora sua existência havia sido manipulada de varias formas. Isso o tornava apenas um cachorro que havia aprendido alguns truques. As palavras negras na tela esfregavam a verdade na sua cara. “... não gerou resultados...” aquelas palavras simples e escritas de maneira fria e automática na tela refletiam em seus olhos. Penetravam em sua aula.

Estava cansado de elogios frios. Estava cansado de ser tratado como o cachorro que recebe um doce por obedecer seu dono. “Você é um bom aluno”. “Você é um bom filho”. Ele realmente merece essas palavras? Ele realmente da algum valor para elas? Elas realmente valem alguma coisa? Essas palavras sempre chegaram aos seus ouvidos como sons vindos de muito longe, frios e sem qualquer valor. Agora no silencio do seu quarto aquelas palavras no monitor o desafiam.

“... não gerou nenhum resultado...”

Ele vai mudar. Ele sabe que, do mesmo modo que o cachorro que não mais obedece seus donos é jogado fora como lixo, ele também será jogado fora por todos. As palavras frias serão para outros agora. Ele não precisa mais delas.

Agora ele pode mudar aquelas palavras. As palavras na tela talvez fiquem lá para sempre, não importando o que ele faça. Talvez ninguém fale com ele de modo sincero. Mas agora ele está vivo e pode fazer as coisas por ele mesmo.

É isso que importa.